sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Boca seca, você tem?


Muitos pacientes, principalmente idosos, aparecem no consultório com uma queixa em comum: percebem a diminuição da salivação e a sensação constante de boca seca. Mais comum do que aparenta, a xerostomia, como é conhecida a diminuição e/ou a extinção da salivação, pode ser causado por vários fatores:

  • Doenças como Diabetes, Síndrome de Sjogren, Parkinson, Hepatite C, Hipotireoidismo, HIV, Doença de Mikulicz, Doenças Neurológicas, Hipovitaminose A; 
  • Uso de medicações (mais de 400 medicamentos podem causar a diminuição da saliva), este item está diretamente relacionado a quantidade de medicações utilizadas. Principais medicamentos associados: antidepressivos, anti-hipertensivos, anticolinérgicos, anti-histamínicos, diuréticos, antiinflamatórios, antineoplásicos, ansiolíticos, analgésicos, antipsicóticos, relaxantes musculares, anticonvulsivantes.
  • Radioterapia, principalmente quando na região de cabeça e pescoço;
  • Crises emocionais, como stress, depressão e ansiedade;
  • Alterações eletrolíticas como vômitos, diarréia, sede, hemorragias podem ser causa de diminuição leve da salivação;
  • Fumo;
  • Respiração predominante bucal;
  • Menopausa;
  • Alcoolismo;
  • Idade ( a incidência de xerostomia em idosos é 3x maior que em crianças, adolescentes e adultos).
A diminuição da saliva leva consequentemente a diminuição das defesas naturais, já que a mesma contém uma mistura de proteínas e enzimas que desempenham papéis específicos no organismo. A lactoferrina é uma delas, e promove a quelação do ferro, privando assim as bactérias presentes na boca deste nutriente, que é essencial para o crescimento bacteriano (diminui assim a proliferação de bactérias danosas ao organismo na boca); a lisozima é responsável por romper a parede da bactéria, resultando na sua morte; e a lactoperoxidase realiza a síntese do hipotiocianito, um potente agente antimicrobiano. 
As principais complicações da diminuição da salivação são o aumento do índice de cáries, doenças periodontais e candidíses, dificuldades de fonação e deglutição, diminuição na retenção de próteses totais (dentaduras), sensação de queimação na boca, alterações na sensibilidade gustativa, mau hálito, gengivas, lábios e bochechas desidratadas e susceptíveis a traumas, fissuras na mucosa bucal, disfagia ( dificuldade de deglutição ), disfasia ( dificuldade em ordenar palavras ), disgeusia ( erro na percepção das sensações gustativas ), “ problemas digestivos ”, aumento da saburra no dorso lingual e ressecamento labial.
O diagnóstico da xerostomia é realizado através de uma anamnese detalhada do paciente, buscando fatores causadores, dando especial atenção a relatos dos pacientes, como ressecamento da boca ao comer, necessidade de ingerir líquidos para deglutir alimentos secos, dificuldade para engolir e sensação de ter pouca saliva na boca. Além disso, clinicamente é possível avaliar a capacidade da saliva de umidificar a boca: colocamos a superfície do espelho clínico sobre a língua, se o mesmo escorregar, a saliva está sendo eficiente em umidificar, caso ele grude, o paciente está com diminuição da capacidade salivar. É possível ainda solicitar exames como ressonância magnética, sialografia e biópsia de glândulas salivares para confirmar o diagnóstico.
O tratamento consiste na eliminação das causas, quando estas existem e são possíveis, e no uso de substâncias que deem conforto ao paciente, e aliviem os sintomas. Em casos leves os pacientes podem ser orientados quanto a ingestão de líquido várias vezes ao dia, além do uso de gomas de mascar (sem açúcar) e cubos de maçã com gotas de limão. Deve-se evitar alimentos muito ácidos e condimentados, que desidratam ainda mais as mucosas, substâncias alcaloides como a cafeína e evitar ambientes com ar condicionado e aquecedores. O uso de umidificador labial é essencial para evitar rachaduras, feridas e proliferação de fungos no local.




Fica a Dica: Enxaguantes bucais que contém ÁLCOOL prejudicam ainda mais a condição de xerostomia. Não deixe de ler a bula.



Se você apresenta algum desses sintomas, sente desconforto, mudanças no hálito, queimação bucal, dificuldade em manter as próteses na boca, entre outros sintomas, procure seu dentista para buscar o melhor tratamento para você.


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Dra. Nara Macêdo
CROMG 39055
Cirurgiã-Dentista
Rua Felisberto Carrejo, 134. Fundinho. 38400-204.
Telefones: (34) 3236-3797/ 3214-7038/ 9695-4727
dranaramacedo@gmail.com

Fontes: 
  1. Guia de conhecimento Oral Avançado - GlaxoSmithKline.
  2. Thompson WM, et al. The impact of xerostomia on oral-health-related quality of life among younger adults. Health and Quality of Life Outcomes 2006; 4:86.
  3. Everson JW. Xerostomia. Periodontol 2000 2008; 48:85-91.
  4. Cevimelina: nova proposta terapêutica no tratamento da xerostomia. Prof. Dr. Carlos Eduardo Xavier dos Santos Ribeiro da Silva, Prof. Dr. Artur Cerri, Prof. Dr. Francisco Octávio Teixeira Pacca, Prof. Dr. João Ferreira dos Santos Junior. 2008.

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